sábado, 6 de dezembro de 2014

Talvez a gente se esbarre novamente.



Depois de certo tempo internada numa unidade psiquiátrica estou de volta a minha vida “normal” posso ate dizer que sai de uma rotina pra entrar numa rotina antiga, e de volta ao meu apartamento, posso dizer também que agora estou capacitada para enfrentar os problemas que induzem ao meu suicídio e que para os especialistas eu não sou uma ameaça aos outros e nem a mim mesma. Para entrar em grande estilo na minha antiga rotina poderia começar a ler um livro, poderia ser aquele que tinha comprado no caminho de volta pra casa. Meu apartamento estava como era antes, tudo no mesmo lugar como gostava, só que está arrumadinho e limpo graças à empregada que não me abandonou pelo menos ela, né?!
Sentada nesta poltrona em frente à janela onde nas manhas claras os raios do sol entravam como se fossem convidados para me acordar, daquela mesma rua que te vi atravessando, pudesse me lembrar como se fosse ontem quando você se destacou no meio da multidão, você vinha com sua blusa xadrez, sua calça jeans preta, com seu vans preto. Neste mesmo farol, nesta mesma faixa de pedestre, naquele dia de chuva quando estava com pressa sem guarda chuva com meus livros na mão, aqueles que ainda estão na estante com a capa e algumas folhas manchadas, e você vinha na minha direção, nem tinha reparado que era você a pessoa a qual se destacava aos meus olhos, nesta mesma janela, você vinha mexendo no seu Ipod sem nem um pingo de presa sem se importar se estava ou não chovendo e você estava se molhando, quando a gente se cruzou, nossos corpos se encontram, meus livros caíram, nós caímos, seu Ipod foi parar em uma poça de água, já no chão você me olhava por trás dos seus óculos de grau seus olhos me pediam desculpas de um jeito tão meigo, eu te olhava como se eu ainda não estivesse acreditando que esbarrei em ti de um jeito um tanto destrambelhado, que estou te vendo frente a frente e não por uma janela, se bem que te olhando pela janela chegava a pensar que você não existia só existia na minha mente e que eu estava te idealizando, seus cabelos que eram um pouco abaixo do ombro, nem sei se ainda é assim, que naquele dia de tão molhados grudavam no seu rosto, sua voz doce que saia pela sua boca, ainda me lembro dela como se você conversasse comigo todos os dias, lembro da nossa primeira conversa naquele mesmo dia chuvoso... 
- Desculpas, ai como sou atrapalhado, me desculpa... – Ele falava me ajudando a recolher meus livros do chão. – Como vou poder te pagar pelos seus livros? 
- Apenas aceite jantar comigo. – Falei me levantando. – Pra mim já estará muito bem pago. Desculpe-me mais seu Ipod está encharcado, como posso pagar por ele?
- Aceito jantar contigo, e você quer pagar pelo meu ipod? Vai estar pago se eu jantar com você nesta noite. – Nesse instante percebi que meu rosto corava.
...
Como as coisas são... Admirei você de longe, te observei de perto, te amei quando te conheci melhor, sofri quando você se foi, me lembro de você ate hoje como se fosse ontem, será que você ainda tem aquela manchinha fofa nas costas? 

  Será que ainda vou te ver algum dia desses? Talvez a gente se esbarre por ai... Ainda vou te ver, se não você na minha mente vai ficar até alguém invadi-la como você fez e assim eu me esquecer de você.

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